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Criminal

GAECO denuncia 26 investigados na Operação Fim da Linha

Eles podem responder por organização criminosa, lavagem, extorsão e apropriação indébita

Na esteira da deflagração da Operação Fim da Linha, que resultou na prisão de seis pessoas e no cumprimento de 52 mandados de busca e apreensão em endereços ligados à Upbus e à TW, empresas de ônibus utilizadas pelo PCC para lavar dinheiro obtido com o tráfico de drogas, o MPSP, por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ofereceu denúncia contra 26 envolvidos no esquema pelos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, extorsão e apropriação indébita. 

A operação contou com o apoio da Polícia Militar, da Receita Federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), movimentando mais de 400 agentes públicos para dar cumprimento às ordens judiciais expedidas pela 1ª e pela 2ª Varas de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.  

De acordo com o que foi apurado pelos promotores de Justiça do GAECO, entre 2014 e 2024, Silvio Cebola e Décio Português, já condenados no âmbito da Operação Sharks por tráfico de drogas, injetaram mais de R$ 20 milhões em recursos obtidos por meio de atividades ilícitas em uma cooperativa da zona leste que viria a se transformar na Upbus, viabilizando assim a participação da empresa na concorrência promovida pela Prefeitura de São Paulo, em 2015, para apontar os responsáveis por diversos lotes de linhas de ônibus. 

Como ficou largamente comprovado, Cebola integrava a sintonia geral do PCC, setor da facção criminosa que coordena as atividades de tráfico. Ele e Décio Português integravam o quadro societário da Upbus, bem como Cara Preta e Django, dois integrantes do PCC que foram mortos em virtude de disputas internas no âmbito da facção. 

No caso da TW, que opera na zona oeste da capital e em algumas cidades do Vale do Ribeira, o acusado identificado como Pandora e outros nove denunciados, entre 2008 e 2023, "constituíram e integraram uma organização criminosa e utilizaram o grupo econômico TW/COOPERPAM para cometer os crimes de apropriação indébita, extorsão, lavagem de bens, direitos e valores, e fraudes licitatórias". Eles lavaram cerca de R$ 54 milhões de dinheiro do crime, especialmente oriundo do tráfico de drogas, utilizando-se da empresa de transporte, que também precisava de recursos para se qualificar à licitação que definiu a permissionária responsável por um lote de linhas da zona oeste. 

Os promotores apontam na denúncia que os cooperados sofreram "grave ameaça contra a vida e contra a integridade física", abdicando assim dos seus direitos e do seu patrimônio, que foi incorporado de forma ilegal pelos membros do PCC que controlam a TW. 

Foram sequestrados bens móveis e imóveis em valor proporcional ao faturamento anual de ambas as empresas, superior a 800 milhões de reais, a fim de assegurar o ressarcimento a título de dano moral coletivo. 

Foram ainda compartilhadas informações com os órgãos de controle para apuração de eventuais atos de improbidade administrativa, infrações da lei anticorrupção e de defesa da concorrência. Ambas as empresas sofreram intervenção do município. 

As denúncias estão fundamentadas em análises bancárias, fiscais, telemáticas, societárias e patrimoniais, bem como em relatórios e informações dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo.