Em São José dos Campos, promotora recomenda redistribuição de livro recolhido em escolas
Em São José dos Campos, promotora recomenda redistribuição de livro recolhido em escolas
Documento alerta para risco de improbidade e possíveis motivações políticas para a retirada da obra
Nesta quarta-feira (10/7), a promotora de Justiça Daniela Gonçalves recomendou ao prefeito de São José dos Campos que providencie, em até 15 dias, o retorno do livro "Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas" às salas de leitura da rede municipal de ensino. A obra foi recolhida após um vereador, durante sessão da Câmara Municipal realizada em 11 de junho, dizer que haveria na publicação apologia ao aborto e doutrinação ideológica. Ele citou referências à antropóloga Débora Diniz e à socióloga Marielle Franco. Para Daniela, a manifestação do parlamentar revela viés político, com preocupação diversa daquela estritamente educacional.
Escrito por Flávia Martins de Carvalho, o livro usa poesias para homenagear 20 mulheres com histórias inspiradoras, de sucesso e superação. Segundo a promotora, o MPSP registrou diversas reclamações sobre o recolhimento da obra, sendo que a Prefeitura de São José dos Campos ficou inerte quando acionada para prestar esclarecimentos, deixando de apresentar fundamentação jurídica para a retirada da publicação. Em nota à imprensa, o Executivo local informou que a iniciativa teve o objetivo de promover a reavaliação do conteúdo pela Secretaria de Educação e Cidadania do município.
Na recomendação, Daniela ressalta que os materiais distribuídos pelo Ministério da Educação e Cidadania (MEC) às escolas públicas de educação básica do país são escolhidos pelas próprias unidades, desde que inscritos no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e aprovados em avaliações pedagógicas. Ainda segundo a promotora, a inutilização de material didático distribuído com gasto de recursos públicos pode caracterizar ato de improbidade administrativa.